primícias.
História
Entre Corações e Espadas
(CZAR)
Nos anais de uma era há muito esvanecida, onde o aço e o fogo traçavam o destino de Reis e Reinos, um nome ecoava nas colinas e vales de terras imemoriais: Czar Khaxfelth Blackwood. Não lhe fora destinado desaparecer como bruma que se dissipa com o primeiro alvorecer, mas sim gravar seu nome com sangue e fulgor, tal qual tempestade que fende o céu em mil trovões. Seu nascimento, moldado no fulcro da guerra, não o definiu apenas como filho de batalhas, o fez como herdeiro de uma vontade indômita, cujos ventos violentos jamais lograram dobrar. Nos campos devastados, onde o próprio chão parecia gemer sob o peso da desgraça, o Reino não caía. Antes, dobrava a tormenta ao seu comando, como cavaleiro que subjuga o ímpeto de seu corcel ao calor da guerra.
Houve, então, um Imperador, Magnus Hightower Blackwood, cujas mãos erguendo tronos pareciam esculpir a própria história. Suas lâminas eram o decreto de seu poder, fazendo prostrar-se diante dele os Reinos mais orgulhosos. Contudo, não foi no aço que ele encontrou seu maior desafio, foi, na verdade, a intensidade de um espírito igualmente feroz: Jocelyn Khaxfelth. Esta, mulher de alma indomável e olhar de tempestade, resplandecia como uma estrela solitária na vastidão sombria do mundo. Não se rendia a nada, exceto àquele cuja força rivalizava com a sua, e assim, em meio ao clangor das espadas e ao crepitar dos escudos partidos, surgiu o vínculo que uniu dois destinos. No momento em que os Países Baixos encontraram-se encurralados, a Inglaterra, imortal e resoluta, ergueu-se para salvar o que estava prestes a ser perdido. Magnus lutava não só como Imperador, mas como homem que havia descoberto a maior de todas as vitórias: o coração de Jocelyn.
Dessa união forjada nas chamas da guerra, nasceu Czar, o primeiro filho dos dois mundos, destinado a carregar nas veias o ímpeto de seus pais. Mas as mãos que deveriam tê-lo acarinhado foram cedo roubadas pela crueldade inclemente do destino. Mal o jovem Príncipe havia dado seu primeiro alento, os ventos da morte, sombrios e traiçoeiros, varreram sua vida. O abraço frio da destruição tomou Magnus e Jocelyn, lançando suas sombras eternas sobre o futuro de Czar. As chamas que consumiram seus pais arderam também em seu coração com uma fúria contida, uma chama silenciosa que jamais seria extinta.
No âmago do jovem Czar, onde outros poderiam ter encontrado o vazio do lamento, nasceu algo mais terrível: uma determinação implacável, temperada pelo aço da vingança. O sangue holandês de sua mãe, forte como o aço que forja espadas indestrutíveis, mesclava-se com o orgulho inglês de seu pai, forjando em Czar um único propósito: justiça. As ilhas britânicas, que outrora deveriam ser seu refúgio, tornaram-se uma cidadela de ferro conquistada. Os traidores que ousaram erguer suas mãos contra a coroa real tornaram-se vítimas de sua lâmina. Czar não aceitou a coroa como presente suave — ele a tomou, firme, como um guerreiro que reivindica o espólio de sua luta. E assim, sobre o trono ergueu-se como o Corvo Blackwood, protetor implacável de terras cercadas por muralhas invisíveis de aço e decisão.
Ao assumir o poder, Czar rejeitou o título imperial que seu pai havia portado com tanto orgulho. Não desejava ser o senhor de vastos Impérios manchados por traições e alianças frágeis. Ao contrário, ele selou as fronteiras de sua ilha com muralhas forjadas pelo medo, tornando o Reino Unido uma fortaleza intransponível. Não governou como Magnus, o Imperador dos reinos distantes, ficou conhecido como Rei das Ilhas: um senhor cujo domínio se estendia até onde a justiça podia ser ditada pela espada e pela frieza de seu olhar.
Czar Khaxfelth Blackwood tornou-se aquilo que os bardos antigos sussurravam nas canções mais sombrias: o Rei de Sombras e Gelo. Seu trono, erguido sobre as cinzas de seus antepassados, não era somente mero símbolo de autoridade, mas um bastião de força inabalável. E assim ele reinou, como aquele que, no silêncio após a tempestade, se ergue sobre os destroços, jurando que jamais se prostraria a nada além de sua vontade.
História
(LUA)
A Criação Divina
Em tempos imemoriais, antes que as estrelas se dispusessem em constelações e os homens erguessem suas vozes em oração, o Criador observava os desígnios da Terra com uma compaixão profunda. Ele via os reis e os pastores, os justos e os corruptos, e, entre todos, um nome reverberava nos céus: Czar Blackwood, um rei devoto, cuja alma permanecia pura mesmo quando a vida lhe oferecia o cálice amargo do luto. Após a morte de sua amada esposa, Katharina, numa guerra que manchou o solo com sangue inocente, o rei se afundou numa tristeza que os anjos viam e lamentavam. Mas Deus, em Sua infinita sabedoria, sabia que a força de Czar residia não em sua coroa, mas em sua fé.
Assim como no princípio, quando moldou a Terra e os céus com Suas mãos divinas, o Criador pôs-se a esculpir um novo ser — um Arcanjo de beleza indescritível, de poder insondável, que refletisse o mistério e a majestade do cosmos. E assim, sob a luz prateada de Selene, a deidade da Lua, Ele formou Lua.
Cada detalhe foi pensado com a precisão divina. O Criador teceu sua essência com a beleza e a serenidade da Lua, que observava a Terra desde os primórdios. Seus olhos brilhavam como as profundezas de uma noite sem fim, carregando em si a sabedoria dos séculos e o mistério da escuridão. Seu corpo celestial refletia a luz, resplandecendo com um fulgor que não feria os olhos, mas acalmava os corações aflitos.
Porém, a perfeição de Lua não se restringia a uma única forma. Deus, em Sua grandiosidade, dotou-a de três manifestações, cada uma refletindo um aspecto do caminho que Czar precisaria trilhar.
Primeiro, veio a forma de Arcanjo. Em sua forma mais gloriosa, Lua se apresentava com asas de um branco prateado, cada pluma resplandecente como o brilho da própria Lua cheia. Nesta forma, Lua era a protetora indomável, a espada celestial que cortaria através das mentiras, das trevas e dos inimigos invisíveis. Sua presença era poderosa, e seus passos ecoavam pelos reinos angelicais e terrenos como trovões distantes, anunciando o julgamento divino.
Depois, Deus lhe concedeu a forma de Deidade, moldando-a à semelhança de Selene. Nesta forma, seu semblante refletia a perfeição que os mortais apenas sonhavam em alcançar. Era uma presença divina, calma e serena, e, como Selene, dominava os ciclos das emoções humanas, compreendendo as marés das almas, tanto as cheias de esperança quanto as vazias de desespero. Nesta forma, Lua podia falar ao coração de Czar, guiando-o não com ordens, mas com a sabedoria silenciosa da noite. Cada palavra sua era um sussurro, um segredo que apenas o rei inglês era digno de ouvir.
Por fim, veio a forma humana. Deus sabia que, por mais divino que Blackwood fosse em sua alma, ele era também um homem, com um coração que ainda pulsava pelos laços do amor terreno. E assim, Lua foi feita na forma de mulher, mas não qualquer mulher: ela era a mais bela que já havia existido e que jamais existiria. Seus longos cabelos dourados eram como o véu da noite, caindo sobre seus ombros em cascatas de escuridão, enquanto seus olhos, duas luas em miniatura, carregavam a profundidade de um amor e compreensão infinitos. Nesta forma, Lua não era apenas a conselheira de um rei, mas a companheira que preencheria o vazio deixado por sua falecida, oferecendo a Czar uma nova forma de amor — um amor que transcendia o tempo e a morte.
O Criador então contemplou Sua obra e, com uma voz que ecoou pelos confins da eternidade, abençoou Lua com sua missão: "Serás a guia de meu servo, Blackwood. Nas trevas que ele enfrentará, tu serás sua luz. Na guerra, serás sua espada. Na solidão, serás sua companhia. E no amor, serás o consolo de sua alma. Tua existência, minha filha celestial, é dedicada àquele que nunca se desviou de Mim. Mas ele sempre se lembrará de que tudo isso é graças a Mim, e somente a Mim, pois Eu sou o Deus único e eterno e lhe concedo este privilégio."
E assim, Lua desceu dos céus, tocando seus pés no solo do Reino Unido pela primeira vez...